quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Esquecimento Indolor de Uma Carta à Mim

Olá meu “eu” do futuro à luz da verdade. Terá agora esquecido seu propósito, seus princípios, sua força, seus medos, sua identidade, e será agora ninguém, e o desespero rastejará até você, sorrateiro e assustador, nada doerá mais que o esquecimento que ele trás ao toque, e meu medo agora é você. De todas tantas vezes que tentei proteger a ti meu futuro, de tantas tentativas falhas, tantas batalhas perdidas, tantas lagrimas derramadas perante as fortalezas que caem, esta é mais uma, que contem a determinação a muito abandonada. Tome-se pela cólera ao ouvir-me, odeie a si próprio, conspire para seu veneno interior, dissolva-se a si próprio com os outros, e traga a vitória ao meu próximo “nosso”. O mundo, meu caro, é perfeito. Sim, o mundo é belo, o mundo é perfeito. Você vive nele não vive? Todos aqueles que você preza, que te dão essa determinação efêmera e constante estão aqui, não estão? Há mais perfeição que isso? Quer evitar a morte? Quer evitar a dor? Tolo, não és tu fruto da dor maior? Não é a morte que define a vida? Não é o mundo finito que dá a motivação que o faça valer à pena? Quer o mundo imortal, infinito e justo? Não sabes nada sobre justiça, não sabes sobre a imortalidade, não é capaz de imaginar o infinito, não pode definir seus limites. Engana-se a cada passo, és o fraco que cai ao fim e não o forte que se levanta ao começo. És fraco, és impuro ó grande “eu”. Não sê como todos os “nossos”, não busque a gloria, não busque a razão, não busque a justiça. Não busque nada que não domine, que não entenda, e jamais tente dominar ou entender. Admita a fraqueza, não minta para si, não minta para “nós”, não se prenda a princípios ou a ideais. Não fomente os instintos, busque o esquecimento da escuridão final. Não busque nada, não me ouça, não me entenda, não me siga, não me copie. Apenas você sabe a dor que carrega, apenas você pode se ajudar, e não tem nem nunca terá essa capacidade. Viva a dor de se fechar em si sem solução. Olhe o mundo à sua volta com os olhos cansados, não veja milagres, não veja magia, não veja Deus, não se surpreenda, não se maravilhe, e não se martirize por isso. Não és digno do titulo de Mártir, não és digno de nada, e ao nada pertence. Não leia essa mensagem, não deixe que leiam, queime, rasgue, destrua, faça o que não consigo fazer, faça o que não posso fazer, seja tudo sendo nada, e alivie minha dor aumentando a sua, seja um falso mártir de plástico, seja “nosso” mártir, seja “nosso” nada, que então o almejaremos, e nossos antigos egos serão esquecidos, e assim, sem lembrança nem existência, que seremos indolores e inesquecíveis.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Um Texto de humor disfarçado, com dois dedos quebrados.

Um Texto de humor disfarçado, ou uma Agonia disfarçada em humor.


I miss her...
I miss her a lot...
I wish you were here… Agony…



Não sei por que terminamos como terminamos. Foi assim tudo tão rápido, uma hora nem estávamos, na outra, não estávamos mais. Talvez tenha perdido a habilidade de fingir interesse nos poucos assuntos banais e cotidianos que tínhamos em comum. Seria isso? Teria ela percebido isso? Mas, percebendo isso como não perceberia meu fascínio com o movimento de sua boca? Isso sim me interessava, me atraia, a dança de seus lábios enquanto falava, enquanto sussurrava, murmurava, beijava meu corpo. Não havia ritmo, ou padrão, era sempre uma surpresa.

Eu me recusava a admitir, ou mesmo até a perceber a influencia dela sobre mim, simplesmente não acreditava, por mais obvio que fosse. Meu jeito de vestir, de andar de falar, não são mais os meus, são os dela, os que ela quisesse que fossem e foram. Mesmo agora, em meu guarda-roupa mais sóbrio, no tom das paredes do meu quarto, que agora é mais escuro e mais sombrio. (Deveria ter trocado a lâmpada.) Ainda os desgosto gostando, como o faço com ela. Ainda a gosto desgostando, e gosto agora de não gostar, gosto agora do que não me gosta, daquilo que não gosto, daquilo que me faz sofrer.

Tudo que era e que fosse, mudança ou permanência qualquer tinham sentido, mas nada mais depois disso. Qualquer mudança agora é vã, qualquer permanência seria uma antiga mudança guardada, e vã também seria. Estou num hiato estranho de existência. Sendo o que seria, não sou mais. Me incomoda o sono, o esporte, o descanso e o trabalho. Me é incomodo escovar os dentes após as refeições sem ela, fazer a barba no banho sem ela, passar as roupas para não vestir ou despir sem ela. A vida é vã, pensando ou não nela e nela.

Por quantas garotas gastei linhas? Quantas garotas gastarem por mim linhas? Quantas garotas no mundo me importariam se gastassem ou não linhas, se foram ou não gastas, usadas, compradas, vendidas, amadas, desamadas, desalmadas uma vez ou outra ou sempre? Por que sempre uma garota? Por que sempre uma garota é a garota? Por que tantos porquês e tão pouco álcool? Taça e meia de champanhe, conhaque e vinho com ou sem gelo, com ou sem ela, resolvem ou não.

O rosto que vejo no espelho é feio. É feito de muita ausência, é cansado e pouco cuidado. Estou com dois dedos quebrados, disse e fiz, que cada vez que fosse escrever aquela palavra, quebraria um dedo para não fazê-lo. Dito e feito, conclui que terminaria sem dedos. Já estou a pouco de perder o emprego que não quero mais, estou ainda mais a pouco de largá-lo. Ás vezes esqueço por que trabalho, acho que trabalhava para viajar. Não viajo mais por que trabalho. As vezes esqueço que trabalho em casa e que sou meu próprio patrão.

Não quero mais viajar, não gosto mais. Não gosto mais de muita coisa que nunca gostei. Perdi meus gostos emprestados. Pedi desgostos emprestados. Imprestável fiquei. E depois de tanto tempo, esqueci dela, e não disse o que disse que não diria. Ela teria me chamado de bobo, e completaria que a mais boba é ela. Nunca me pareceu assim.

Costumava ter amigos? Haviam amigos meus e amigos nossos, os meus se tornaram nossos também com o tempo, os dela, dela, os nossos, nossos, mas no fim, nenhum meu. Não me incomoda tanto, poderia ter amigos se quisesse, mas não tenho mais vontade de sair, de comemorar, de torcer, nem de nada que se faça com amigos. Não quero ser voyeur de alguém qualquer. Não quero predizer o sucesso ou fracasso que sentir, e ninguém quer ouvir isso de mim também.

A maçaneta da porta gira devagar, ela entra trazendo a janta. Sorri para mim e pergunta se havia demorado, se estou com fome. Acho que exagerei, 45 minutos para buscar a comida não significam ser abandonado. (Quanto tempo ou quanta dor caracteriza um abandono?) Sou mesmo bobo como ela diz, e diz que gosta, mas espero a bronca de quando ela ver meus dois dedos quebrados.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

A Fera Que Gritou “Mundo” No Meu Coração

A fera que gritou “Mundo” no meu coração. Não é de igual importância, não é épico, complexo e belo como o original, é de certo o contrario, é de certo bem egoísta, egocêntrico, pequeno, diminuto, ínfimo e simples. Como poderia parafrasear algo que não compreendo? Só digo ao roxo céu azul, que me mande suas lagrimas em momentos mais oportunos, que me abrace tão logo eu me for, que aceite e zele por mim, pelas minhas esperanças defenestradas. À terra, perdão pelo contaminante de meu coração, que o solo improdutivo não a prejudique tanto quanto meu caminhar. Tanto pesar que faz meus ossos feitos de pernas quebrarem secos, e engasga-me a poeira dessa ossada. Ò roxo céu marrom, esconda de mim o sofrimento desejado, faça-me esquecer do que não quero, me faça por fim, desejar novamente ser feliz.

sábado, 21 de agosto de 2010

sábado, 24 de julho de 2010

July

Algumas histórias são sobre pessoas, lugares ou coisas, muitas outras são sobre fatos ou fantasia. Mas esta não. Não a minha história. Minha historia é sobre julho. Não sobre um julho especifico, nem sobre todos os julhos, nem sobre os julhos de alguém, ou julhos quaisquer. Simplesmente julho. Julhos quentes onde pessoas e coisas tiveram seu lugar, e fatos se desenrolaram em suas historias.

Não é necessário por tanto que eu aponte de forma explicita então quando ou onde. Por alguns dos meus dizeres podem apreender isso por vocês, assim como já dito com julhos quentes pode-se imaginar algum lugar ao hemisfério norte ou distante dos pólos. Vou me contradizer por vez ou outra, mas é de fato por que isso não importa realmente. Alguns poderão se sentir a deriva nos adjetivos e substantivos sem sujeitos, mas logo hão de se acostumar.
Sobre Julho, me pergunto o que dizer. Não tenho pouco, mas quero evitar a minúcia do descrever, e por hora pelo menos me perder um pouco na metalinguagem. Cogito as paixões de julho, as mortes de julho, os nascimentos em julho, e o nascimento de julho.
Pessoalmente acredito que julho tem dois nascimentos. O nascimento para o mundo, e o nascimento para mim. Obviamente ambos grandiosos. Mas para mim foi assim, mais que épico e suave como uma de suas brisas de verão.

Poderia perder preciosas paginas descrevendo a cor dourada daquele mês, seu calor, seu cheiro. Poderia comparar as coisas com os campos de trigo aureo ondulando ao roçar do vento. Mas não importa, e não quero tirar o foco do resto, que já é tão difícil de encontrar.

Para mim então foi sempre julho, não importasse mais a época do ano. Meus feriados eram sempre os mesmos, eram sempre ela. Não importava quão longe meus pensamentos vagavam, estavam sempre ali, e se passavam para além daquela fronteira sutil e radiante, tornavam vagos e esvaneciam.

Não podia pensar sequer que já havia me preocupado com a morte. Tudo era tão aconchegante, tudo era tão quente que não se podia pensar em algo assim. Todo o gelo de todas as almas lá derretia. Lá, no meu julho-lugar. Que mais que um tempo, que mais que um local, era o estado de nossas almas em ressonância.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Adeus à Espanha

Meus olhos redondos param por um instante. Escuto, espero. Preso no escuro, apenas espero. Busco em minhas costas um espinho venenoso, com veneno amargo que sinto com a pele, e sinto que este espinho bate dentro de mim. Não vivo mais. Meus olhos param por um instante, sem encontrar os teus eles se fecham, e não há mais nada que eu possa reparar, não há sacrifício que eu possa repassar. Agora sou eu, agora é a mim o que me resta. Santo e sereno, mais do que gostaria. Ameno e inofensivo, perante a cólera de deus, sabendo que o fogo arde por todas as partes, fogo amigo que não fere menos do que todos que já me queimaram apenas uma vez ou uma dúzia. Mando cartas aos músicos, aos missionários, lanternas aos afogados, faróis, pequenos sóis, ilumino a treva alheia e pereço na minha. Sopro as minhas velas na câmara final, acendo as luzes da câmara escura e queimo todas as memórias que ficaram. E Hermes que não me entenda mal, e que me perdoe, mas como suplica final, peço que corra por mim o globo, que acorde os deuses, que apague as velas que velam os seminecros, puxe as cortinas dos olhos do mundo, e cante assim minha canção, vermelha sempre vermelha, tal qual as saias das espanholas que me trazem pesar por partir, que sempre me fizeram sonhar, que me dão vontade de rir...

terça-feira, 27 de abril de 2010

Requiem for Thanatos


Memento Mori


Desci o máximo possível para qualquer mortal e um pouco mais alem, cruzei as portas da vida, e abandonei toda a fé e esperança. Abandonei meus sentidos, me desfiz por completo, e antes imerso no medo liquido que me circundava, passei a fazer parte dele. Senti os timbres graves e agudos, os cantos de toda a humanidade passada, todos os gritos de guerra e choros de mães, e aos poucos comecei a compreender tudo, vi a linha da vida se tecer em minha frente, vi seu começo, seu fim, sua matéria prima, e seu criador. Passei a me dissipar por este universo verdadeiro e a fazer parte de tudo, e ao fazer parte, compreendia. Não seria possível beleza maior, não haveria até então e nem para alem do fim dos tempos qualquer forma de descrever a beleza Pura que gotejava no oceano da Verdade. Que mesmo Deus seria incapaz de reproduzir ou descrever. À essa altura não tinha mais ambições de voltar, já sabia então todos os mistérios dessa vida e de muitas outras, e nada mais me prendia, evolui minhas vontades e instintos para o da própria essência imaterial da grande Verdade que existia. Seguia o fluxo do saber etéreo, sabia seu fim, sabia tudo, e sabia que não havia necessidade de julgamento, não era então mais preciso saber se eu gostava disso ou não, já que inicialmente nem “eu” havia mais. Eu havia crescido, evoluído, agora já nem tangível minha essência era mais, e nenhum sentimento me permeava. Não imagino coisas como dantes faria, não cogito a dolorosa pena e pesar para com o resto da existência, nem as possibilidades de outros terem feito como eu, ou se há de fato algo mais a se saber. Se fosse parte de mim antes, acharia graça, mas não há mais isso, nem necessidade nem vontade. Sei de tudo isso, e mesmo que me engane, não importa, agora já não escrevo como um ser, referencia diferencial perdida em palavras, seria assim minha existência agora. Mas certamente compreendo que a existência é uma limitação que a muito ficou para trás. Agora fecho os olhos e cortinas da infinitude e passo a simplesmente a não ser, como agora sempre fui.

domingo, 18 de abril de 2010

Flames


Abro meus olhos com um sorriso no rosto, e decido que essa noite será boa, excepcionalmente boa. Diferente de tudo que tem sido e que acreditam que será. Vou acender a noite com fogo, vou dançar chamas, sorrir o tempo todo e rir sempre que possível, e acreditar que pode ter mais no mundo do que eu preciso, celebrar a isso. Pois eu posso! Eu sei que posso. Vou gritar com a voz rouca palavras de amor e grandeza, vou transcender a mim ao fazer corações brilharem, vou me propagar alem da existência, e vou ficar feliz pela beleza do apagar da minha chama mais do que triste pelo seu fim, vou ser fênix e cinzas da humanidade, vou inflamar espíritos incitar lutas pacificas e guerras indolores por coisas melhores e maiores, por causas belas e pela evolução, vou criar vitorias e inspirar verdades. Farei essa noite durar semanas e valer por séculos, serei eterno só hoje e vou cantar canções com o mundo, e vamos marchar adiante, deixaremos um rastro de fogo gentil chamado vida e andaremos como um, com passos de gigante para além da lua sem medo de onde pisar, sem medo de falhar. Hoje e somente hoje a noite será dia, e apertaremos os olhos, sem medo de fechá-los, respiraremos esse novo ar, e assoviaremos marchas de esperança banhados em temperança e amando sempre. Hoje e só hoje não terei pesar em dizer adeus, e irei brilhar como a estrela guia, e me sentirei feliz por ir com tanta graça, por secar as lagrimas de uma humanidade flagelada que se cura com o calor irradiado pela minha reação em cadeia. Hoje e somente hoje dormirei meu ultimo sono aconchegado e sonhando feliz com tudo aquilo que passou, com tudo aquilo que fui e que sou, e o incêndio implacável da vida que me tome por matéria prima e me faça feliz por ser útil a tudo que é maior que eu.

terça-feira, 30 de março de 2010

War

Sentimos-nos como em tempos de guerra...

Uma baixa atrás da outra...

...algo que nos faz dormir mal à noite, como um mosquito que nos perturba, algo que mantém ao menos um de nossos olhos sempre abertos, mesmo no escuro. E por falar em escuro, este parece ubíquo, onipresente, como se antes restrito à noite, e atrelado a ela, ele galgasse por entre as horas sorrateiramente, e mesmo sob o sol de uma tarde amena de verão, nos faz sentir cegos, perdidos, desolados e distantes. Nos consome, pois, assim como no escuro que não se pode ver o horizonte ou o que nele há, quando dá de encontro conosco nos assusta e surpreende, as coisas ocorrem, imprevisíveis, quase inimagináveis, ou até incompreensíveis, tão repentinas nos aparecem, como numa manha folgada de domingo, um telefonema, poucas palavras, um nome dito, um segundo de silencio, e um amigo, um bom amigo, nos deixa aqui, neste mundo, nos deixa às saudades e mágoas, aos pesares e tristezas, e ao temor, de que talvez não tenhamos nem a nós mesmos depois de tudo.
Gente indo, muitos indo, poucos retornando, assim, muitas vezes, sem adeus, sem pesar, como se não parecesse verdade, ou como se não importassem. Põem em duvida as únicas certezas que temos, nas pessoas que amamos, e das coisas que tememos. O vazio das promessas e das memórias nos assombra, e os motivos que nos levaram a onde estamos parecem tolos. Nada parece ter valido a pena, e o arrependimento nos abate, e não nos deixa descansar, faz-nos cogitar o antes impensável, e trair a nós mesmos e nossos ideais, abandonar as memórias e os sonhos, os verdadeiros, os puros e singelos, os únicos que nos trariam a única coisa que poderíamos chamar, sem ter que hesitar ou sentir remorso, de “Felicidade”, coisa que não acreditamos mais que existe, assim como os amigos ou as promessas. Não temos mais esperanças de encontrar tais coisas, como o amor ou a amizade, tentamos então satisfazer apenas o imediato, saciar a fome, a libido, sanar a dor, a necessidade, e para isso deixamos de nos orgulhar de nós mesmos, e passamos a fazer parte da grande massa cinzenta, a qual, juntos ao por do sol juramos a muito tempo, junto a muitas outras coisas, nunca fazer parte, nunca perdermos a cor, nunca esquecer, nunca se separar. Mas aqueles que ainda não se foram, prontamente nos abandonaram, nos esqueceram, por vários motivos e nenhuma razão, buscando também saciar o imediato, e ficamos aqui pensando, se os que nos fizeram chorar, ao menos os primeiros, antes de ficarmos frios demais pra isso, por terem terminado os seus dias, os tivessem ainda hoje, também não teriam nos ferido, jogando-nos no esquecimento de seu ser, e com esses pensamentos, nos forçamos a esquecer destes também.
E assim nossos dias se arrastam cada vez mais escuros, cada vez com menos sorrisos sinceros, amores verdadeiros, e promessas absurdas, que mesmo sabendo que jamais seriamos capazes de cumprir, as fazíamos de todo o coração. A todo tempo estamos atentos, vemos inimigos em cada sombra, e esperamos traição mesmo de quem diz que nos ama. Não confiamos mais em ninguém, nem em nós mesmos, e sentimos o ar sempre pesado, e parecemos esperar a qualquer momento, um fim, como um carta, uma convocação para guerra, a mesma que nos tomou tudo que tínhamos um dia, a mesma que levou os amigos de outrora, esperamos que a qualquer momento também nos leve e vele por nós, na falta completa de alguém que o faça. E assim terminamos, com as honras e medalhas, das inúmeras batalhas, de contas bancarias, carros na garagem, nomes de dezenas de mulheres na agenda, a nenhuma delas, nenhum amigo, ninguém guardando sua memória, ninguém presente, para admirar as medalhas reluzentes, ninguém para velar sobre o obelisco de mármore com um nome gravado, que jamais será lembrado.
“Bem Johnny, esse não é o fim do mundo... é apenas o fim do mundo como nós o conhecemos... e quer saber... por mim, tudo bem...
A partir de hoje, eu serei ou o rei que você tenta derrubar, ou o parasita que você tenta esmagar...
O grande problema, e é a parte que lhe toca, é que em ambas as hipóteses, você irá falhar, e isso sim será novo para você... ”


•••... E como eles dizem nas terras que nunca visitei, como um prelúdio para dar o tom cômico-dramatico,... 3AM, sem sono, em frente ao monitor do computador, com a tela como uma folha em branco. Ela já está assim a dias, muitos dias, muitos mais que o habitual, parada, estática, calma, e vazia, um espelho, nada mais, do interior daquele que a confronta durante todos esses dias... em situações semelhantes, - (não que estas fossem comuns, nem que não as fossem, ocorriam apenas na medida certa, se é que há medida certa para isso que alguns podem definir como “hiatos criativos”, embora não seja esta uma definição muito própria para este caso, criatividade nunca havia lhe faltado, sua carência era de outra coisa, algo muito mais difícil de se descrever, de se colocar em palavras, ou de se encontrar alguém que compreenda, ou que sequer reconheça sua existência, mas sem nos adiantarmos agora em reflexões, com apenas poucos fatos para nos apoiarmos, como um ser mirando seu próprio vazio) - é quase certo que uma inquietação tomaria pouco a pouco este ser contemplativo, e assim, o faria preencher com a mesma, a tela vazia, ou no mínimo, o afastaria dela. Coisa que entretanto, não ocorre, a esperada inquietação não vem, muito menos a “criatividade” que supostamente lhe poderia falhar, e nem nenhuma outra sensação, nada toma seu corpo para si, nada o impele, nada o abala, permanece de certa forma impassível, enquanto as horas e os dias se arrastam, a um olhar superficial, parecia extremamente normal, satisfazia suas necessidades imediatas como sempre, quando sentia fome, comia, quando sentia sono dormia, quando era convidado, saía, e passava algumas horas agradáveis com pessoas que momentaneamente o faziam sorrir, ou até mesmo se divertir, e aparentemente abalavam seu vazio perpetuo, embora na realidade, não o fizessem, nada conseguia traspassar sua pele, e de forma alguma abalar o seu vão interior, e sempre, satisfeitas as condições que o retiravam de seu estado inicial, à este ele retornava, como se esperasse alguma coisa, com muita paciência...

Cocoro


Parte 1

Haviam muitas coisas e muitas pessoas, mas naquele lugar, haviam poucos corações. Aliás, pouquíssimos, e tentando não ser presunçoso, alem do meu, admitindo que possuía àquela altura um coração, talvez houvesse apenas mais um, um coração estranho e quebrado, mas ainda sim, um coração.
Este outro coração, alem de estranho e quebrado, ainda era cego, e tolo, e de tão cego e tolo, desconhecia até sua própria existência, e assim, jamais se sentia sozinho. Embora, considerando agora o pecado do meu exagero ao dizer a proibida sentença do “jamais”, retifico-me. Sentia-se vazio e sozinho sim, nos momentos em que todas as muitas coisas e pessoas que o cercavam tinham sua sagrada pausa e se ausentavam de todo o mundo externo para voltarem-se para si mesmos, no descanso que todas as maquinas burocráticas e sem coração precisam. (Vulgo, Noite de Domingo.)
Nesses momentos de solidão, sentia-se como abandonado num quarto escuro, enquanto todos iam fazer uma coisa da qual ele não era capaz, como dormir, e assim, achava-se incapaz, e inferior a todo o resto, e quando isso acontecia, sua temperatura diminuía ainda mais, pois assim como todo o coração, até mesmo os quebrados, ele tinha uma chama que queimava em si, porem sua chama era fraca e gelada, sendo assim era, quase a todo instante, um coração frio.
Por ser frio, e por corações terem uma quase inexplicável e extrema dificuldade em sobreviverem no frio, ele fazia de tudo para estar rodeado pelas pessoas e coisas, e assim pegar um pouco do calor que estes autômatos dissipavam com suas resistências e atritos.

Overdose

Agora tudo parece bem, as crianças com queimaduras de cigarros, e você sonhando com carros rápidos, homens rápidos, e trens vazios. Mas agora você está automedicada, poderia dormir com o cachorro, poderia ver o mundo acabar, mas está tudo bem, com a pílula branca que te faz sentir bem no estomago, e o vinho na mão. Até a musica detestável parece suave, todos estão asfixiando, e tudo brilha com gliter, todos morrem com apenas um tiro, mas assim não tem graça, as crianças com queimaduras de cigarros, e você com a certeza que dormiu com o melhor. As luzes bonitas e legais fazem você aprender e acreditar que está tudo certo, trens vazios e o mundo rápido. Uma batida boa, uma roupa cara, o corpo vai pra lá, e pro outro lado, mas não se tem certeza, as crianças devem estar felizes, todos nos divertimos tanto. Chamem mais luzes, o sofá está cheio, e tem cheiro estranho, nele tem alguém deitado, nele tem convulsões, dá pra sentir mãos por todo o corpo, e gemidos estranhos, todos devem estar tão felizes, mesmo mão pequenas, mãos queimadas, calejadas, mas a pílula branca concerta tudo, todos aprendemos bem, é um caminho livre pra nós. Somos felizes agora, e não gostamos de lembrar do ontem, nem do hoje, por isso bebamos e comamos e inalamos e amamos e dançamos e sejamos rápidos, tomemos pílulas brancas, ou mesmo amarelas, douradas, de todas as cores, muitas pílulas coloridas, doces, salgadas, amargas, nem sentimos mais o gosto. Nem sentimos mais nós mesmos, somos assim, agora amanha e sempre, mas não por muito tempo, pois perdi meu relógio e juízo. Correntes brilhantes, anéis de brilhantes não estão tão longe, na falta de um namorado perfeito temos vários. Os moveis atrapalham a dança, então disputamos o espaço, dançamos melhor que todos, em baixo, no alto, no sofá, no chão, com mãos ou sem, aplausos são bons, gritos devem ser melhores. A paixão no choro de todos é boa demais, os olhos viram por demais. Mentem verdadeiramente pra mim, cada um vê como quer, e os últimos momentos são gostosos mesmo quando não se sabe disso. Então engasgar com a própria língua é tão excitante, é tão excitante mesmo pra quem é tão exigente, e um beijo pra escola da vida e pros reis e filhos do meu peito. E uma boa desculpa pra me confundir com alguém, pra me confundir a mim mesma com alguém qualquer, pra nem mais saber como nunca, como não saber que sou eu.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Mutter




Verzeihung Mutter




Obrigado por tudo...
e, parabéns...



quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Felícia

Parte 1

...E eu --Certo, certo Felícia, se é tudo q você tem a dizer, está tudo acabado entre nós! Escolho ser doente, pois o que importa, é o que eu gosto, e eu sinto todo desamor do mundo por ti!
--Não é isso que importa pra você? Se tem algo que eu aprendi com você, por mais que me doa admitir, é o hedonismo! Alias, não. Hedonismo não se aprende com ninguém, você me infectou, estou doente! E escolho sim ser doente, e terei de carregar pelo resto da vida o rancor de ter sido infectado por você.
--E... Que seja feita minha, vossa, vontade. "Felicidade"? E o que sabes tu sobre felicidade? Você é uma mulher incompleta, seca, insípida, de vida torta e deformada, e talvez, seja por isso, e apenas por isso que naquele fatídico dia, eu suguei a canção de seus lábios, e dançamos a noite toda. A mulher que não me faz sentir tão canalha, um brinde a isso.
E brindei naquele momento, a ironia em seu nome.
--Você infecta o ar a sua volta, emana doença à sua volta. E pro diabo com todo aquele papo. Nós dois sabemos, e todos à nossa volta podem enxergar, você mente pra mim, como só uma mulher com um copo roubado na bolsa, e um olhar como o seu seria capaz, e eu, minto da mesma forma para você, e os únicos que foram capazes de acreditar nas mentiras, fomos nós mesmos. Mas o “momento de vidro” passou, e agora não estou mais de porre, estou sim é muito sóbrio, e sua cara me da náusea. Tudo em você me traz de volta a boca aquele gosto amargo de acido gástrico, sinto ele me corroendo, mas chego até a gostar, pois ele me corrói menos que seu olhar.
--Sabe, eu cheguei a pensar que você me livrava da culpa que me pesa todos os dias, mas não, você apenas muda a culpa de lugar, não me sinto culpado pelo jeito que a trato, mas simplesmente por estar com você. Sua maior qualidade, é que durante o tempo insuportável dentro do próprio inferno onde estávamos, você me fez gostar de estar lá. Mas agora acabou e...
--Sabe --Me interrompe Felícia irritantemente sem mistério na voz – A sua vida é que é um inferno, e eu te faço gostar de estar nela. Te faço ter tesão de viver.
Tinha prometido a mim mesmo que não iria deixar que suas declarações me afetassem mais, mas diabos, ela sempre me deixa confuso me perguntando se ela está certa ou não, e sempre me faz perguntar, se ela é apenas uma infeliz hedonista loirissímamente burra, ou se é esperta, uma Capitu obliqua e dissimulada. Embora seus olhos de ressaca sejam de ressaca alcoólica mesmo, não por nos sugarem. A parte de Felícia que me suga, são seus lábios, não os olhos, em todos os bons e maus sentidos.
O meu silencio indicava nada menos que um ponto pra ela. Vitoria, e um sorriso pra comemorar seria nada mais do que extremamente próprio e doloroso para mim, mas seu silencio e inexpressividade, de como quem inocentemente espera uma resposta ou réplica, me perturbaram de certa forma que tomei por ela seu lugar e sorriso. Dei um risinho de vitoria e inconformismo mesclados, que não pude conter mesmo sóbrio, e torci pra que ela se incomodasse com isso.

Eternal Reprise

Um relógio andando, cada segundo por vez, como uma bomba relógio, a cada passo, um atrás do outro, o cronometro já está andando, o tempo está acabando, e você tem que fazer algo, algo grande, algo importante, algo forte, forte o bastante para ainda estar lá mesmo depois que a bomba explodir, algo para durar mais do que você, algo para te ver morrer, algo para ser seu legado, para ser admirado. Mesmo que inacabado, tem que estar lá para alguém continuar, tem que estar marcado, direcionado, escolhido, endereçado.

Crystal Ball

O mundo a minha volta gira fora de um eixo, me sinto alheio de certa forma, como se estivesse dentro de uma bola de cristal disforme, ouço sons indistintos abafados, e as imagens que atingem meus olhos, passando pelas paredes de cristal amassadas, chegam distorcidas e me causam ainda mais náusea. Suo frio, empalideço, me arrasto cambaleante, tentando desesperadamente chegar a algum lugar indefinido, que eu não sei onde fica. Porém a cada passo que dou, a bola de cristal gira, e minha cabeça acompanha o movimento, variando a direção e a velocidade, tornando-se cada vez mais difícil de me locomover. E tendo perdido completamente o senso de direção, de tempo e espaço, minhas entranhas revoltosas se revoltaram ainda mais, apertaram-se, e se impeliram com violência para fora, e tão freqüentes e fortes se tornaram os espasmos que já não posso respirar. Então as investidas e tentativas de se exteriorizarem pareceram obter êxito, me sinto vazio, porém pesado como se feito de metal sólido, de tal forma a não conseguir me sustentar, senti uma pancada surda e seca, como se tivesse atingido o chão, e de repente, todos os sons indistintos se calam, todas as imagens difusas escurecem, o chão abaixo de mim parece ceder, e tudo para, perco a sensação de “eu”, e sinto-me mergulhado no vazio...

The Suicide Club

Capitulo 2 - Adeus.
ou Desacelerando.

Estava sorrindo até então, estava quase entorpecido pelos sons que vinham de longe, a cada segundo eu me tornava algo mais próximo de um deus.
Eu sabia que havia chegado à hora, inspirei fundo, sentia todas as respostas de todas as perguntas na ponta da língua, com um gosto metálico estranhamente saboroso. Meus lábios poderiam sussurrar qualquer coisa a esta altura, mas só pensava em uma palavra, que não sei ao certo agora se deixei ser delineada por eles.
O vento soprava forte à minha volta, estava relativamente rápido desde o começo, contrastava com meu passado recente, a ironia me divertia. Meu coração seguia o passo contrario, estava sereno, batia forte com a excitação, mas não muito mais veloz que o natural, ao menos até então.
Eu pretendia fazer de olhos bem abertos, queria ver a Terra vindo me abraçar, queria ver as luzes mais rapidamente do que nunca, então comecei a me movimentar em direção ao limite seguro e concreto daquela construção que afrontava os céus, de olhos bem abertos.
Porem, não parecia estar tomando velocidade, tudo que até então fluía com uma rapidez angelicalmente leve, se tornou pesado, e desacelerava. Meus pés pareciam feitos de puro concreto, e atritavam com o pavimento elevado como se quisesse aderir definitivamente a ele. Meu coração acelerava no mesmo passo que todo resto tendia a atemporalidade. Já não sentia o vento ao meu redor, podia ouvi-lo, mas já não o percebia em meu corpo.
Meu destino do limite horizontal parecia se afastar, fugia de mim. Não, eu fugia dele, ou mais precisamente, meu corpo. Algo estava errado, toda minha serenidade e certeza se esvaiam, meu corpo tiritava como um animal encurralado, sentia em mim aquele peso novamente, aquele peso que só um olhar tão grande quanto o todo poderia fazer.
Meu corpo lutava contra minha vontade, e esta ultima sentia cada vez mais o dissabor da derrota. Não podia ser! Não conseguia realizar meu feito. Estava sentindo algo que a muito era estranho para mim, acredito que demorei a reconhecer, embora minha percepção alterada do tempo não me permita afirmar, me relutei a aceitar, mas não havia como, o que eu sentia era Medo. Soube então naquele momento que havia falhado, não poderia cumprir minha nobre tarefa, não deixaria este mundo tão facilmente, não poderia dizer: Adeus.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Lilith... o nome que eu gostaria tanto de ouvir, de qualquer que fosse a fonte, e que deixei de proferir propositalmente.
Bem, deixemos de lado por enquanto, pois ainda aguardo, mesmo com a resposta já entregue. Basta uma confirmação para fazer o fogo da esperança crepitar.
Mas falemos agora dos simbolos que tanto estão na moda, afinal, Dan Brown não perde tempo, e as pessoas não perdem tempo também, o consomem tão antes quanto possível.
Enfim, A Maçã. Simbolo do pecado, e também da sabedoria e do conhecimento. Inclusive, por muito tempo dada aos mestres e professores por seus pupilos e alunos, que geralmente desonheciam a fonte da tradição ou a simbologia que envolvia. Bem, mas há algo errado, um desvio de significado sim, em um dos dois que mais lhe são atribuidos.
Ou melhor, talvez não um erro, mas sim mais para uma derivação, fazendo aluzão à degradante gramática, uma derivação imprópria.
Houve, e há, um medo da sabedoria, do conhecimento, então foi criada uma proteção utilizando-se esse medo. Aliás, terá melhor ferramenta de controle que o Medo? Foi criado e é utilizado pelo proprio Jehovah, ou pela engenhosidade do 18º Anjo. De qualquer forma, não faltam credenciais para esses ultimos.
O que me fez lembrar agora de uma frase bastante popular: "A Ignorância é uma dádiva...", embora eu sinta que esta frase está incompleta, diria-a melhor assim: "A Ignorancia é uma dádiva para aqueles que não podem suportar a Verdade." Parece bem mais completa dessa forma, não? É como uma "colher de chá" para os fracos, um conforto antes de sua punição, o ultimo desejo do corredor da morte.
O Medo venda nossos olhos, sela nossa boca, atèm nossas mãos, e poe grilhoes nos nossos pés como mais nada é capaz de fazer. Tão efetivo agora quanto o tem sido por milhares de anos. Ainda somos como Humanidade crianças medrosas agarradas à barra da saia de nossa mãe desconhecida.

Mas no fim, Lilith nos deu a maçã, o conhecimento, nosso destino, nosso potencial.
Morremos por punição, pela nossa ignorancia e ingratidão. Ingratidão não com Jehovah, mas com Lilith, com Eva...



[Inacabado. Incapaz de continuar.]



...E vou pecar novamente pela impaciência e desespero. Não posso evitar, o suspense e a omissão me consomem. Entendam, a cada dia que se passa, eu esqueço mais e mais, fico cada vez mais distante daquilo que queria, das respostas, e das perguntas corretas. Já troquei o dia pela noite, e passo as noites insones e devastadoras em frente a uma tela luminosa esperando por perguntas, respostas e verdades em meio a toda essa hipocrisia, ao som de Radiohead, com olhos grandes cheios de esperança desesperada, minguando aos poucos.
Desde meu ultimo surto não tive nada, nenhum insight, nenhuma lembrança valiosa, nenhuma discussão produtiva, nada! Nenhum progresso. Ao contrario, cada vez mais me esqueço do que fui capaz de vislumbrar aquela noite, e novamente me culpo por minha incapacidade, e me reduzi a uma refeição a cada dois dias, a uma paranóia bem disfarçada, com direito a queda de resistência e doenças oportunistas inoportunas.
Bem, mas pelo menos à luz do dia, e dos olhares alheios me permito uma boa risada não necessariamente ensaiada, e um "happy time". Mas às vezes me pergunto se isso está correto, e se não é culpa dessas minhas atitudes o fato de ninguém conseguir diferencias o meu eu real do meu, digamos, "eu lírico", de não serem capazes de lerem isto e não saberem se é um relato de meus dias reais, ou se é um personagem de um texto banal (ou que para eles é nada mais que banal, às vezes por realmente o ser, ou por falta de entendimento mesmo) reclamando de sua vida imaginaria criada e escrita por alguém sem muito que fazer nas suas férias tediosas.
É, isso já é divagação por demais, ninguém se disporá a ler algo tão enormemente maçante, ou maçantemente enorme, mas que sabe com isso possam delinear o real em meio ao imaginário, e o real desespero de um vivo em meio a tantos personagens-fantasma.
Mas de qualquer forma, todos foram avisados de uma forma ou de outra que este momento chegaria. E agora sem mais, minha frustração e esperança combinadas em algo que não sou realmente capaz de definir...

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Eva

E quanto a Eva???
Havia algo sobre ela...
Os dois tinham seus segredos, e Jehovah tinha os dele também...
Mas... Por enquanto, os deles pouco importam... E quanto a Eva afinal?
Sabemos agora, um pouco dos outros, sabemos que a maçã não era o que se pensava...
Sabemos que Adão não era a imagem e semelhança de ninguém... Alias... Talvez fosse, mas não de Jehovah, e sim de Eva...
No entanto Eva continua em sombras...
Vemos através da fumaça da ignorância uma espécie de jogo ou aposta, e uma punição, um jeito inteligente de nunca perder... Mas muito ainda permanece oculto...
E não podemos deixar nossos olhares não caírem Nela...
Havia algo oculto, e Ela, era como uma chave, o personagem que retiraria o manto que encobre a verdade... Era sim ela, Eva, eufemizada para não se autodestruir, era ela sim, soberana, e perigosamente dolorosa...
Faço então um clamor a todos... Todo que lêem, que vêem, e que se afligem também como eu, que sentem meu desespero, que percebem o espinho em suas mentes, que sentem o peso de uma responsabilidade onipresente, que sentem os olhos vigilantes de um ser semi-oculto, por favor, me ajudem, a desvendar Eva, em todas as suas costuras, em todos os seus silêncios e omissões... Ajudem-me, por favor...

“Era a morte nada mais se não a punição para a ignorância. A Imortalidade era de fato, possível.”
Luiz Felipe Reversi.