quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Mutter




Verzeihung Mutter




Obrigado por tudo...
e, parabéns...



quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Felícia

Parte 1

...E eu --Certo, certo Felícia, se é tudo q você tem a dizer, está tudo acabado entre nós! Escolho ser doente, pois o que importa, é o que eu gosto, e eu sinto todo desamor do mundo por ti!
--Não é isso que importa pra você? Se tem algo que eu aprendi com você, por mais que me doa admitir, é o hedonismo! Alias, não. Hedonismo não se aprende com ninguém, você me infectou, estou doente! E escolho sim ser doente, e terei de carregar pelo resto da vida o rancor de ter sido infectado por você.
--E... Que seja feita minha, vossa, vontade. "Felicidade"? E o que sabes tu sobre felicidade? Você é uma mulher incompleta, seca, insípida, de vida torta e deformada, e talvez, seja por isso, e apenas por isso que naquele fatídico dia, eu suguei a canção de seus lábios, e dançamos a noite toda. A mulher que não me faz sentir tão canalha, um brinde a isso.
E brindei naquele momento, a ironia em seu nome.
--Você infecta o ar a sua volta, emana doença à sua volta. E pro diabo com todo aquele papo. Nós dois sabemos, e todos à nossa volta podem enxergar, você mente pra mim, como só uma mulher com um copo roubado na bolsa, e um olhar como o seu seria capaz, e eu, minto da mesma forma para você, e os únicos que foram capazes de acreditar nas mentiras, fomos nós mesmos. Mas o “momento de vidro” passou, e agora não estou mais de porre, estou sim é muito sóbrio, e sua cara me da náusea. Tudo em você me traz de volta a boca aquele gosto amargo de acido gástrico, sinto ele me corroendo, mas chego até a gostar, pois ele me corrói menos que seu olhar.
--Sabe, eu cheguei a pensar que você me livrava da culpa que me pesa todos os dias, mas não, você apenas muda a culpa de lugar, não me sinto culpado pelo jeito que a trato, mas simplesmente por estar com você. Sua maior qualidade, é que durante o tempo insuportável dentro do próprio inferno onde estávamos, você me fez gostar de estar lá. Mas agora acabou e...
--Sabe --Me interrompe Felícia irritantemente sem mistério na voz – A sua vida é que é um inferno, e eu te faço gostar de estar nela. Te faço ter tesão de viver.
Tinha prometido a mim mesmo que não iria deixar que suas declarações me afetassem mais, mas diabos, ela sempre me deixa confuso me perguntando se ela está certa ou não, e sempre me faz perguntar, se ela é apenas uma infeliz hedonista loirissímamente burra, ou se é esperta, uma Capitu obliqua e dissimulada. Embora seus olhos de ressaca sejam de ressaca alcoólica mesmo, não por nos sugarem. A parte de Felícia que me suga, são seus lábios, não os olhos, em todos os bons e maus sentidos.
O meu silencio indicava nada menos que um ponto pra ela. Vitoria, e um sorriso pra comemorar seria nada mais do que extremamente próprio e doloroso para mim, mas seu silencio e inexpressividade, de como quem inocentemente espera uma resposta ou réplica, me perturbaram de certa forma que tomei por ela seu lugar e sorriso. Dei um risinho de vitoria e inconformismo mesclados, que não pude conter mesmo sóbrio, e torci pra que ela se incomodasse com isso.

Eternal Reprise

Um relógio andando, cada segundo por vez, como uma bomba relógio, a cada passo, um atrás do outro, o cronometro já está andando, o tempo está acabando, e você tem que fazer algo, algo grande, algo importante, algo forte, forte o bastante para ainda estar lá mesmo depois que a bomba explodir, algo para durar mais do que você, algo para te ver morrer, algo para ser seu legado, para ser admirado. Mesmo que inacabado, tem que estar lá para alguém continuar, tem que estar marcado, direcionado, escolhido, endereçado.

Crystal Ball

O mundo a minha volta gira fora de um eixo, me sinto alheio de certa forma, como se estivesse dentro de uma bola de cristal disforme, ouço sons indistintos abafados, e as imagens que atingem meus olhos, passando pelas paredes de cristal amassadas, chegam distorcidas e me causam ainda mais náusea. Suo frio, empalideço, me arrasto cambaleante, tentando desesperadamente chegar a algum lugar indefinido, que eu não sei onde fica. Porém a cada passo que dou, a bola de cristal gira, e minha cabeça acompanha o movimento, variando a direção e a velocidade, tornando-se cada vez mais difícil de me locomover. E tendo perdido completamente o senso de direção, de tempo e espaço, minhas entranhas revoltosas se revoltaram ainda mais, apertaram-se, e se impeliram com violência para fora, e tão freqüentes e fortes se tornaram os espasmos que já não posso respirar. Então as investidas e tentativas de se exteriorizarem pareceram obter êxito, me sinto vazio, porém pesado como se feito de metal sólido, de tal forma a não conseguir me sustentar, senti uma pancada surda e seca, como se tivesse atingido o chão, e de repente, todos os sons indistintos se calam, todas as imagens difusas escurecem, o chão abaixo de mim parece ceder, e tudo para, perco a sensação de “eu”, e sinto-me mergulhado no vazio...

The Suicide Club

Capitulo 2 - Adeus.
ou Desacelerando.

Estava sorrindo até então, estava quase entorpecido pelos sons que vinham de longe, a cada segundo eu me tornava algo mais próximo de um deus.
Eu sabia que havia chegado à hora, inspirei fundo, sentia todas as respostas de todas as perguntas na ponta da língua, com um gosto metálico estranhamente saboroso. Meus lábios poderiam sussurrar qualquer coisa a esta altura, mas só pensava em uma palavra, que não sei ao certo agora se deixei ser delineada por eles.
O vento soprava forte à minha volta, estava relativamente rápido desde o começo, contrastava com meu passado recente, a ironia me divertia. Meu coração seguia o passo contrario, estava sereno, batia forte com a excitação, mas não muito mais veloz que o natural, ao menos até então.
Eu pretendia fazer de olhos bem abertos, queria ver a Terra vindo me abraçar, queria ver as luzes mais rapidamente do que nunca, então comecei a me movimentar em direção ao limite seguro e concreto daquela construção que afrontava os céus, de olhos bem abertos.
Porem, não parecia estar tomando velocidade, tudo que até então fluía com uma rapidez angelicalmente leve, se tornou pesado, e desacelerava. Meus pés pareciam feitos de puro concreto, e atritavam com o pavimento elevado como se quisesse aderir definitivamente a ele. Meu coração acelerava no mesmo passo que todo resto tendia a atemporalidade. Já não sentia o vento ao meu redor, podia ouvi-lo, mas já não o percebia em meu corpo.
Meu destino do limite horizontal parecia se afastar, fugia de mim. Não, eu fugia dele, ou mais precisamente, meu corpo. Algo estava errado, toda minha serenidade e certeza se esvaiam, meu corpo tiritava como um animal encurralado, sentia em mim aquele peso novamente, aquele peso que só um olhar tão grande quanto o todo poderia fazer.
Meu corpo lutava contra minha vontade, e esta ultima sentia cada vez mais o dissabor da derrota. Não podia ser! Não conseguia realizar meu feito. Estava sentindo algo que a muito era estranho para mim, acredito que demorei a reconhecer, embora minha percepção alterada do tempo não me permita afirmar, me relutei a aceitar, mas não havia como, o que eu sentia era Medo. Soube então naquele momento que havia falhado, não poderia cumprir minha nobre tarefa, não deixaria este mundo tão facilmente, não poderia dizer: Adeus.