terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Hiperlink, Vigilância Epistêmica, Bom Senso e Anonnymous

Bem, eu venho aqui para dizer algo que por muitas vezes eu tentei, mas sempre falhei por dois motivos básicos, primeiramente por que sou um filho do meu tempo e como tal não possuo pensamento linear, penso em hiperlink, minha mente pensa numa velocidade muito maior do que a que posso registrar (tanto em palavra gravada quanto e ainda menos em escrita), e não estou me gabando por isso, uma vez que isso neste momento é de grande prejuízo e que em teoria toda minha geração pensa assim.

O fato é que, retornando ao começo, existe muito a se dizer, no entanto tudo já se foi dito, e este é o segundo motivo (além do pensamento em hiperlink ao qual me referi no primeiro parágrafo, caso se estejam dando por falta de um motivo) pelo qual não consegui dizer nada até então. Sim, há muita cois a se saber sobre o mundo e sobre tudo, mas as coisas simplesmente se repetem, cada palavra dita por você já foi dita mesmo que de outra forma por alguém em outro lugar em outro tempo, assim como nossa religião cristã não passa de uma releitura ou cópia quase descarada de religiões pré-cristãs pagãs como a religião egípcia, todo o resto também é apenas uma réplica de algo pré-existente, e isso sempre me tirou muito a vontade de falar sobre qualquer coisa (sem contar o fato que eu tenho muito menos gabarito para falar sobre qualquer coisa do que os que o disseram em primeiro lugar, eu seria apenas uma reprodução imperfeita, e nada melhor do que a fonte original).

Desculpem-me pelas aparentes divagações, mas garanto-lhes que de certa forma elas são bastante necessárias e fazem parte inerente da ideia principal que tento passar, sinto por não poder escrever de forma mais concisa prazerosa de se ler. E quanto à ideia principal, já se é sabido muitas coisas, por exemplo: que a religião é um meio inventado de manipulação das massas e é a maior mentira já contada, que nosso sistema é um sistema em crise, que a guerra contra o terrorismo foi muito bem planejada, comprada e executada por aqueles mesmos que a "combatem", que somos escravos de um sistema financeiro comandado por uma pequena elite detentora de todo o capital e tudo mais que há para se saber. E eu em minha jovem e humilde pessoa não posso ter a soberba maior de pensar que sei de algo que mais ninguém na humanidade saiba, ou que a saiba mais ou melhor. (como primeiro hiperlink deixo os documentários "Zeitgeist", a "História das Coisas" e a "Ilha das Flores".)

Mas e então o que teria eu a dizer? O fato óbvio que quando eu digo que todas estas coisas são sabidas e conhecidas não é algo unânime, não são todos os que sabem de tudo isso, muito pelo contrário, são muito poucos. Ainda vemos igrejas abarrotadas de pessoas e discursos inflamados sobre política e pessoas reféns da mídia popular viciadas em entretenimento, e é nisso que eu modestamente acredito que possa ter algum papel.

Todas essas coisas que citei e várias outras são instrumentos de uma pequena minoria que só deseja manter o controle sobre absolutamente tudo e manter esta hierarquia eternamente, e logo para os mesmos não é interessante que a grande maioria das pessoas saibam de tudo, e é ai que entram todas estas distrações midiáticas, políticas, religiosas, financeiras e tudo mais, e como grandes detentores de praticamente tudo, seja educação, ou meios de comunicação, portanto toda fonte que nos provém com conhecimento, isso estaria garantido.

Todavia uma criação deste sistema saiu fora de controle, um filho bastardo que agora lhes causa problemas, um único lugar onde ainda é difícil manter o controle absoluto, a internet (e que desgosto que me dá falar disso pelo mesmo segundo motivo que já citei). Nela abundam uma quantidade de informação pouco tangível à nossa imaginação, e não vou me demorar ainda mais provando isso, pois como já disse, tudo aqui escrito já foi dito e está justamente lá, na internet, só vou dar-lhes uma sugestão de modus-operandi:

Em algum lugar eu vi que o cérebro de nossa geração está agora habituado em uma forma de pensamento e raciocínio totalmente nova. Até as gerações passadas o raciocínio humano era feito de forma linear, e qualquer coisa fora disso facilmente o confundia, contudo nossa atual forma de pensar é dada por hiperlink (e já estou me cansando de repetir palavras, não gastarei muitos parágrafos explicando-o use a internet e descubra por si mesmo), logo a velocidade e quantidade de informações aumenta e a qualidade pode sofrer prejuízos.

Então se já pensamos em hiperlink vamos fazer isso se tornar algo útil, vamos nos aproveitar de suas vantagens e amenizar suas desvantagens, uma vez pensando em hiperlink precisamos de uma quantidade de informação (ou de entretenimento) cada vez maior para suprir nosso cérebro (ou para nos alienar), um livro então embora muito mais completo pode agora não ser mais a melhor forma de se conhecer sobre um assunto (uma série de pesquisas rápidas na Wikipédia e outros lugares podem ser tão frutíferas quanto) uma vez que pode-se utilizar do hiperlink, quando se pesquisa sobre o 11 de setembro vários nomes e termos podem vir no corpo do texto e se utilizados como hiperlink pode se agregar uma quantidade de informações bastante valiosas.

Porém como eu já disse a internet tem informações em excesso, ai entra a vigilância epistêmica, um hiperlink pode me levar à uma página de resultados, em que todos os primeiros são sobre nada muito revelador (como receitas de bolo) e mais ao fim da página informações muito valiosas, com isso não sobra muito mais a se falar sobre a vigilância epistêmica, basta que se procure sobre ela e se a utilize (embora a importância que a colocou no título desta postagem será ressaltada posteriormente).

Para ter certeza que ela funcionará entra o bom senso, informações virão de todos os tipos, e as teorias da conspiração irão assombrar a verdade que buscamos. O bom senso virou piada hodiernamente, nas redes sociais, portais de humor, e tudo mais podemos e cansamos de ver, gostar e compartilhar sátiras da falta de bom senso que a cada dia atinge níveis mais aterrorizantes, e assim parece que a cada vez procuramos nos superar em nossa falta de bom senso, uma vez que não há um dia que não se veja um caso destes, e ainda nos surpreendemos com os níveis em que esta falta chega.

Devemos investigar com um rigor científico e precisão cirúrgica onde é que nos foi tomado o bom senso, onde ele nasce e com minúcia forense onde foi seu infanticídio. Talvez esteja em sua própria sátira seu suicídio, o próprio excesso de entretenimento se encarrega desse assassínio.

O assustador não são os absurdos isolados que são chagas da própria condição humana, como os doentes, insanos, psicopatas, pedófilos, estupradores entre outros, que trazem em si uma condição claramente patológica, que precisa apenas de um estopim externo condicional para que se manifeste. Contra estes infelizmente pouco temos à fazer a não ser identificá-los e prevenir que causem seus danos.

O assustador são as regras, não as exceções. Sãos as centenas de milhares, são os drogados, os assassinos, os mentirosos, os corruptos, e os ignorantes por opção. São aqueles que não possuem propensão biológica, médica ou patológica para cometerem seus crimes ou consentirem com os mesmos. Estes são forjados diariamente em frente a telas brilhantes, salas de aula empoeiradas e famílias disfuncionais.

Com os conhecimentos que temos hoje poderíamos ter uma realidade muito mais promissora, mas não a temos, e embora muito reclamemos e nos perguntemos o por que, pouco investigamos e pouco fazemos, e esse é nosso problema, e é isso que tento abrandar. Não proponho revoluções, estou cansado de ver estas propostas, há grupos que em frente aos absurdos que chegamos em nossa época montam supostas “legiões” em causas comuns, e usam de slogans inspiradores e todo tipo de maquinaria inteligente para unir e direcionar grandes contingentes de pessoas úteis e suas opiniões.

Estas legiões embora sim muito úteis e supostamente bem informadas me decepcionam e me assustam, pois ainda estão perdidas e ainda não sabem de nada mesmo tendo todas as informações. Falta neles um refino em seu pensamento e hiperlink (voltando a ele), a capacidade de reter informações, ideias e pensamentos desta grande massa é muito beneficiada por esta forma de pensamento, entretanto não existe uma conexão e síntese dos mesmos, não há neles produção intelectual realmente relevante. Vejo debates sobre como derrubar um sistema atual ou como atacá-lo, mas não vejo debates de como depurá-lo, de como organizar a educação de um país, de como garantir saúde à população, de como prevenir guerras ou crises econômicas, de como acabar com a fome mundial, de como realmente mudarmos nossa realidade ao invés de substituirmos por outra semelhante.

Vejo pessoas que assistiram sentadas todas as guerras e crises que vieram e que passaram, e que só se manifestaram quando lhes foi revogado o direito de assistir seus filmes no conforto da mesma cadeira na qual foram plateia de tantos absurdos e mentiras. E não vejo ninguém que tome atitude que ainda sim realmente lhe custe algo sem que lhe proporcione diretamente algum tipo de satisfação, como a satisfação de fazer algo que se gosta (como operações de hacking), que se faz de forma fácil, sem desgaste, no conforto de sua casa com alguns poucos cliques, sem feridas de batalha, sem perda de companheiros, sem traumas de guerra, e com a satisfação de se sentir “parte” de algo, sendo de uma geração que sempre sentiu esse problema (e que termina por se manifestar na gama nunca antes vista de grupos e tribos urbanas, bulling e isolamento), a satisfação de ser conhecido, de ser admirado mesmo que anonimamente por vários, por sair simbolicamente na capa de revistas e jornais, e poder estufar o peito quando falar sobre isso com os amigos. Ter a deliciosa catarse de Robim Hood, ter a satisfação de quebrar as regras, de ser o “bandido”, de sentir que tem a liberdade para ir contra um sistema, e ainda sim ao mesmo tempo ser o “mocinho” por sentir que está fazendo a coisa certa e ser admirado por tantos, é o melhor de dois mundo para um ego deformado.

E em momento algum há questionamentos sobre a própria “organização” a qual se orgulham de dizer que fazem parte, não se perguntam quais seus objetivos reais, de onde ela surgiu, quem está por trás de tudo. Essa sensação que descrevi é sua própria morfina, que os anestesia e por tanto lhes basta. Os faz acreditar na ideia quase infantil que são totalmente independentes, democráticos, transparentes, abertos, e que não estão sendo manipulados de nenhuma forma, que não existe nada nem ninguém de dentro que não dê a cara a tapa, ou que se aproveite deles, que não existe intencionalidade alguma ou que não existam divisões internas e hierarquias dentro do grupo. Enquanto isso todos falam o que querem, as informações são tantas que se diluem, tantas vozes se tornam indistintas, as previsões psicológicas de comportamento de grupo se cumprem, e a multidão marcha sob os belos slogans inspiradores, assim vestida de negro, bela e assustadora de se ver de longe, confusa e alienada de perto, usada como cão de briga para assustar inimigos, controlada por alguém desconhecido que segura a coleira.

Sabe, divagando mais do que possível nesse momento, me assusta não ter um fórum de debates reconhecido sobre isso, sobre uma nova proposta de sistema global. Como um exemplo que um amigo me deu uma vez como prova de um sistema em crise (como se já não houvessem suficientes). O nosso sistema científico, médico e farmacêutico (assistam ao “Jardineiro Fiel”), hoje existe uma pandemia de AIDS no mundo, embora os pacientes soropositivos tenham atualmente muito que comemorar, com os tratamentos e coquetéis é possível se ter uma vida longa e dentro do possível quase normal, e em nosso país eles têm ainda mais motivos para comemorar, uma vez que nosso governo decidiu não respeitar a patente desses coquetéis e os distribui gratuitamente à população que deles necessita, uma vez que estes medicamentos são bastante caros e a grande maioria não teria acesso, mas vejam bem que eles são caros não por custos de fabricação, mas sim por royalties e patentes farmacêuticas, o que faz com que os laboratórios e grandes empresas de fármacos lucrem com isso, e lucrem muito bem, uma vez que devemos lembrar que existem uma pandemia e que os pacientes não se curam e agora têm uma vida longa, então são muitas pessoas comprando durante muitos anos estes mesmos medicamentos. Agora pense um pouco, estes laboratórios com capacidade e verba suficiente para produzir estes coquetéis tão eficientes seriam os mesmos com capital e capacidade para eventualmente descobrirem a cura para a AIDS. No entanto, caso descobrissem, eles iriam noticiar? O que seria mais lucrativo, manter uma multidão (lembrando-se também que se trata de uma doença contagiosa, quanto mais infectados mais ela tende a se espalhar em progressão) dependente eternamente de seus produtos ou simplesmente erradicar a doença? Logo é muito provável que a cura já exista e seja guardada a sete chaves, e aos laboratórios menores não é liberada nenhuma informação (protegida por patentes e até meios ilegais ou desleais como trustes ou holdings), ou mesmo a compra e fechamento de laboratórios que poderiam fornecer concorrência (e aqui deixo outro hiperlink e exemplo concreto disso, sobre a verdade da gripe aviária que ninguém lembra mais, apenas o secretário de defesa americano que enriqueceu na casa dos trilhões com a patente da vacina). Agora olhando do específico para o geral poderemos imaginar que isso pode acontecer com várias descobertas científicas, uma vez que existe um déficit de incentivo ao avanço científico se comparado ao incentivo comercial (e aqui aproveito para me valer novamente um pouco do que eu tanto falei ao longo do texto, o hiperlink, e peço que pesquisem sobre o ACTA, com isso poderão ter um vislumbre do que eu estou falando), de forma que é muito mais lucrativo a restrição de algum bem (seja ele material ou não) para que este se valorize (manipulando-se de certa forma a oferta e procura, criando mercados dependentes e eliminando concorrências ou fontes alternativas, cerceando a liberdade), restringi-se a inovação, a melhoria e o avanço, nosso sistema nesse ponto encontra-se truncado e impede a si mesmo de criar melhorias, um sistema baseado em incentivos e não em capital nesse caso poderia se dar muito melhor.

E eu poderia usar de teorias econômicas e filosofias muito ricas para apresentar e explicar cada ponto, como a filosofia de Kierkegaard para mostrar o como toda essa massa de mascarados só sentiria o verdadeiro drama de si e por isso foi plateia de um mundo que se autodestruía por tanto tempo e só se moveu quando teve um drama pessoal por não poder ouvir suas musicas favoritas sem pagar, ou quando depois de uma infância consumista na frente da TV, com tantos comerciais entre os desenhos que os faziam desejar ter tudo e programas e filmes que diziam que eles seriam ricos e felizes quando crescessem e agora que têm de trabalhar são assaltados por impostos e políticos corruptos que não os permitem ter aquilo que lhes foi prometido pela ilusão da propaganda (e mais um hiperlink para "Criança, a Alma do Negócio" e para o filme "Clube da Luta").

Poderia ver a história de um ponto de vista contrário também, poderia vê-la com o formalismo hegeliano, com a tese, antítese e síntese que estamos vivendo e de muitas outras formas, mas como eu cansei de dizer e irei repetir um pouco mais, tudo isso já foi dito, por eles próprios e muitos antes e depois, e quem seria melhor para falar sobre a filosofia de Hegel que o próprio Hegel. O fato é que tanto Hegel quanto Kierkegaard estão mortos, e então não podem eles mesmos aplicar sua forma de pensar no que vivemos agora em nossas situações cotidianas, coisa que nós mesmos deveríamos fazer, mas estamos muito preguiçosos e mal acostumados com tanta informação já digerida entupindo nosso cérebro (e novamente a overdose de entretenimento) que não o fazemos e até pagamos para que alguns poucos o façam por nós, e assim somos manipulados por eles e por suas intenções e ideias.

Eu proponho à partir disso a criação de um manual de hiperlinks, que poderia ter como plataforma básica a própria internet em si ou algo como uma Wikipédia, só que de uma forma mais séria, com uma rigorosa vigilância epistêmica, com fóruns de discussão semelhantes à parlamentos ou câmara de senadores e deputados (de forma a haver uma democracia direta através da tecnologia, sem a necessidade de políticos, ou pelo menos de tantos deles), quer seria em parte parecido com uma legislação, em parte como um manual orgânico (em se tratando de organização e funcionamento) social, político, econômico entre outros. Deve haver dentre tantos sete bilhões de seres humanos, tantos estudiosos, pesquisadores, ou mesmo leigos que abundam em informação (e que embora tenham ou pelo menos em teoria possam ter acesso a quase qualquer informação e conhecimento sobre um assunto ainda não são capazes de formarem suas opiniões mesmo tento tudo disponível para isto) ideias que possam ser aproveitadas para que possamos ter em tudo alguma melhoria. Dentre todas as teorias já criadas é hora de fazermos uma nova síntese de nosso tempo, com algo mais belo e funcional, algo que substitua este sistema enferrujado que já nos bem serviu e agora idoso, esclerosado, casmurro e cansado necessita de se aposentar.