quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

The Suicide Club

Capitulo 2 - Adeus.
ou Desacelerando.

Estava sorrindo até então, estava quase entorpecido pelos sons que vinham de longe, a cada segundo eu me tornava algo mais próximo de um deus.
Eu sabia que havia chegado à hora, inspirei fundo, sentia todas as respostas de todas as perguntas na ponta da língua, com um gosto metálico estranhamente saboroso. Meus lábios poderiam sussurrar qualquer coisa a esta altura, mas só pensava em uma palavra, que não sei ao certo agora se deixei ser delineada por eles.
O vento soprava forte à minha volta, estava relativamente rápido desde o começo, contrastava com meu passado recente, a ironia me divertia. Meu coração seguia o passo contrario, estava sereno, batia forte com a excitação, mas não muito mais veloz que o natural, ao menos até então.
Eu pretendia fazer de olhos bem abertos, queria ver a Terra vindo me abraçar, queria ver as luzes mais rapidamente do que nunca, então comecei a me movimentar em direção ao limite seguro e concreto daquela construção que afrontava os céus, de olhos bem abertos.
Porem, não parecia estar tomando velocidade, tudo que até então fluía com uma rapidez angelicalmente leve, se tornou pesado, e desacelerava. Meus pés pareciam feitos de puro concreto, e atritavam com o pavimento elevado como se quisesse aderir definitivamente a ele. Meu coração acelerava no mesmo passo que todo resto tendia a atemporalidade. Já não sentia o vento ao meu redor, podia ouvi-lo, mas já não o percebia em meu corpo.
Meu destino do limite horizontal parecia se afastar, fugia de mim. Não, eu fugia dele, ou mais precisamente, meu corpo. Algo estava errado, toda minha serenidade e certeza se esvaiam, meu corpo tiritava como um animal encurralado, sentia em mim aquele peso novamente, aquele peso que só um olhar tão grande quanto o todo poderia fazer.
Meu corpo lutava contra minha vontade, e esta ultima sentia cada vez mais o dissabor da derrota. Não podia ser! Não conseguia realizar meu feito. Estava sentindo algo que a muito era estranho para mim, acredito que demorei a reconhecer, embora minha percepção alterada do tempo não me permita afirmar, me relutei a aceitar, mas não havia como, o que eu sentia era Medo. Soube então naquele momento que havia falhado, não poderia cumprir minha nobre tarefa, não deixaria este mundo tão facilmente, não poderia dizer: Adeus.

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