quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Blue Velvet


Então o dia em que você se perde completamente, poderia ser uma noite tão bela...
estão todos lá, cada um em seu lugar,
lugar onde querem não querendo estar,
lugar eterno, etéreo, impossível de escapar...
quarto fechado, com imagens projetadas nas paredes...
imagens que vão mudando constantemente,
para nos dar a ilusão de que estamos nos movendo...
para não continuarmos lá, todos os dias...
para nos dar a ilusão, de que estamos do lado de fora...
ou ao menos, a ilusão de que podemos sair...
quarto sem porta, porta sem chave, chave escondida, chave de veludo, costurada, engolida...
quarto de veludo azul, azul bonito, leva-nos aos céus, onde podemos voar, onde podemos cair, um cair infinito de veludo, um cair doce e preocupante, cair azul...
leva-nos ao mar, onde podemos navegar livres, onde podemos mergulhar, e nos afogar na imensidão do azul tão azul de veludo escuro... de um quarto aconchegante, enquanto a ilusão do tempo passa, depressa, e devagar demais, a cada dia, a cada surda pancada, no tecido macio, que absorve nossos sons, nossa energia, nossa sanidade, humanidade...
nós não podemos dançar no chão de veludo, não podemos brincar, não podemos brigar, não se pode estragar o velho veludo, fingindo ser o vento, ele sussurra que nos protege...
Oh quarto profundo, de forma tão fixa quanto meu olhar de olhos fundos, olhos azuis, espelhos bem polidos, por onde não passa a luz, que apenas reflete tudo o que vê, e nada absorve...
Olhos de azul lacrimejante, de tanto azul até se escorre, olhos, janelas de uma alma, adormecida, clonada, janela fechada, com cortinas de veludo azul, através das quais ninguém ousa adentrar...
Olhos que percorrem o azul infinito, de mil anos, tão bonito, continuo, e sem referencial do quarto azul, de veludo azul, azul como a vida, azul, azul escuro, amargo, muito bem mascarado, azul de paredes azuis que sobem alto, por onde passam imagens azuis e aveludadas, imagens que não podem ser absorvidas, que são macias demais para arranhar um espelho, macias demais para quebrar uma janela, azul demais para acordar uma alma cega, perdida dentro de um corpo azul, de interior espelhado, de azul aveludado, de um quarto azul e macio, um quarto de veludo, azul profundo, profundo como o quarto, vazio como um ser, um recipiente, para uma alma, perdida na imensidão azul, assustadoramente azul, solidamente azul, vastamente azul, tristemente azul...

2 comentários:

  1. weeeeee senpai :) , muito bom o texto!
    Continue assim! quero ler outros poemas desses XD

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  2. Agora que sei a sua inspiração pra esse texto, eu fiz a experiencia de ler enquanto ouvia The Poem Of Everone's Soul. E nao dá pra descrever a sensação, sei lá, parece mesmo q vc ta naquele quarto azul e, ao mesmo tempo, lembrando de alguns momentos do jogo. É muito estranho...
    Nao sei se o que to escrevendo faz sentido, mas tudo bem xD

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