segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Ruby

...Os cabelos desprendendo aos poucos do coque demoradamente feito...
...O velocímetro atropelando as leis... O vento nem frio nem quente invade o interior do veiculo e leva a musica carregada pela noite...
O radio alto, como uma ironia tocando musicas alegres, de batida rápida, quase eufórica, mas alegre, contagiante, alternando entre todos os estilos, eletrônica, rock, pop e outros... Mas todas felizes... Assustadoramente felizes, e intensas...
•... e Ela parece cantar junto, de todo o coração, sem mexer os lábios, intensa como a musica... Vestido de festa, longo e dourado como seus cabelos... Batom vermelho, maquiagem cuidadosamente pesada, acentua sua beleza natural da melhor forma possível, e quase a torna incandescente na noite escura... E em qualquer lugar que fosse, roubaria as atenções e pudores, encantando todos os mortais... Seria amada a todo instante, com olhar radiante, de seus olhos cor de jade, vertendo brilhantes, escorrendo por finos fios de prata em sua face de porcelana dourada, como a jóia mais preciosa, ou como a origem de toda beleza, com o grande rubi batendo rápido no peito perfeito, acompanhando o carro, saltando a cada mudança de marcha, deixando distantes os 150 quilômetros por hora, e batimentos por minuto... Deixando distante também, todo o mundo... Todos que não são capazes de entendê-la, que não são capazes de amá-la de verdade, como só ela poderia ser e merecer, e que da mesma forma, só ela é capaz de sentir e sofrer...
... E o veiculo rompe os limites da ponte sobre a qual deslizava em direção às nuvens, e agora mergulha em direção à escuridão das profundezas da noite... Desfazendo-se de seu tesouro interno... Que brilhou pela ultima vez na noite, iluminando todo o mundo por um instante, como um eclipse invertido, banhando com sua luz, todos aqueles que provavelmente não eram dignos dela... E que tão rápido quanto viajava na penumbra noturna, como uma estrela cadente, apagou-se eternamente, se desfazendo no ar... Sem tocar o chão, que não merece o infinito de seu esplendor...

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